Policial que matou mulher em posto de gasolina de Ilhéus é demitido


 Quase 10 meses após o assassinato da jovem Fernanda Santos Pereira, de 23 anos, em um posto de combustíveis de Ilhéus, o policial militar João Wagner Madureira foi finalmente demitido da corporação. A decisão foi anunciada em 7 de novembro de 2024, após o Conselho de Disciplina da PM concluir que o militar violou os preceitos éticos e deontológicos da Polícia Militar. Madureira está preso desde janeiro e é acusado de homicídio.

O crime ocorreu na madrugada de 11 de janeiro de 2024. As câmeras de segurança do posto registraram toda a cena, mostrando o policial, à paisana, chegando ao local e confrontando Fernanda. Inicialmente, ele teria se deslocado até o posto para recuperar a chave de um apartamento de sua tia. Durante esse confronto, Fernanda teria pegado a chave, acreditando que a mulher de João Wagner havia lhe roubado uma caixa de som.

Logo após o crime, os advogados de João Wagner enviaram uma nota à imprensa alegando que ele não conhecia a vítima e que Fernanda estava “descontrolada” no momento da discussão. Segundo a defesa, o disparo teria sido acidental. No entanto, a versão apresentada pelos advogados foi refutada pela investigação da Polícia Civil.

De acordo com o delegado Helder Carvalhal, titular do Núcleo de Homicídios de Ilhéus, a apuração do caso mostrou que o PM foi ao posto de combustíveis em busca da chave do apartamento da tia, mas acabou se envolvendo em um confronto com a jovem, que não tinha qualquer histórico de envolvimento com ele. “O que nós verificamos, de acordo com as imagens e os depoimentos, é que não houve disparo acidental. O PM acionou o gatilho de sua arma intencionalmente”, afirmou Carvalhal em entrevista à TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia.

As imagens de segurança mostram João Wagner chegando ao posto e começando uma discussão com Fernanda. A jovem, que estava sozinha, teria inicialmente questionado o policial sobre a chave, mas a situação rapidamente escalou para um confronto físico. O PM empurrou a jovem e, depois de uma série de agressões, sacou sua arma, imobilizou Fernanda e atirou contra a cabeça dela. O disparo foi fatal, e Fernanda não resistiu aos ferimentos, falecendo pouco depois no Hospital Costa do Cacau.

O caso gerou grande repercussão, principalmente pelo comportamento de João Wagner, que, armado e em serviço, foi filmado agredindo uma mulher desarmada e, depois, disparando contra ela à queima-roupa.

Após a investigação, a Polícia Militar afastou João Wagner Madureira de suas funções e o manteve preso preventivamente, enquanto o caso era apurado pela Polícia Civil. Mesmo com o tempo de prisão, a decisão de demissão só foi tomada quase 10 meses após o crime, o que gerou questionamentos por parte da sociedade sobre a celeridade das respostas internas da corporação.

O Conselho de Disciplina da PM justificou a demissão com base na conduta do policial, que foi considerada incompatível com os valores e os preceitos da Polícia Militar. “Ele violou os preceitos deontológicos da corporação, ao agir de maneira desproporcional e utilizar a força de forma ilegal”, explicou o porta-voz da PM.

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