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Relacionamento não é esmola: por que você aceita tão pouco?


 Em meio à pressa da vida moderna, às carências afetivas e à busca incessante por um "felizes para sempre", muitas pessoas acabam aceitando menos do que merecem em um relacionamento. Aceitam migalhas emocionais, justificam a ausência de afeto, relevam desrespeitos e, com o tempo, se acostumam com o mínimo. Mas é preciso entender de uma vez por todas: relacionamento não é esmola.

Essa metáfora impactante revela uma verdade incômoda. Quando você aceita pouco, mesmo desejando muito, está dizendo para si e para o outro que esse pouco é suficiente. Está afirmando, mesmo que de forma inconsciente, que você não acredita merecer mais. E isso tem raízes profundas na autoestima, nos traumas, nas experiências passadas e, muitas vezes, na ideia distorcida do que é o amor.

O vício em migalhas

Algumas pessoas se acostumaram com o pouco porque nunca receberam muito. Cresceram em lares disfuncionais, onde o afeto era escasso ou condicional. Foram ensinadas a aceitar o que vier, a se contentar com a presença intermitente, com as palavras vazias, com os gestos que mais machucam do que acolhem. Assim, reproduzem essa lógica nos relacionamentos adultos.

É como se fosse normal aceitar respostas secas, silêncios prolongados, cancelamentos em cima da hora, promessas não cumpridas e ausência de demonstrações reais de interesse. Tudo isso vai sendo camuflado por desculpas: “ele é ocupado”, “ela é fechada”, “não sabe demonstrar”. Mas será que isso é amor ou apenas apego disfarçado?

A romantização do esforço unilateral

Outro ponto delicado é a ideia de que “relacionamento é difícil” — o que é verdade, mas não pode justificar abusos, desatenção e desvalorização. Muitas pessoas acreditam que precisam “lutar pelo amor”, mesmo que essa luta só tenha um soldado. Quando apenas um dos lados se dedica, se entrega, insiste e carrega o relacionamento nas costas, não há reciprocidade — há cansaço.

Amar não deve ser um sofrimento constante, e se você sente que está sempre tentando mais, perdoando mais, esperando mais e recebendo menos, é hora de parar e refletir: por que você aceita tão pouco?

Medo de ficar só: o grande sabotador

Um dos maiores motivos pelos quais as pessoas se submetem a relações precárias é o medo da solidão. Há um pânico social em torno de estar sozinho, como se isso fosse sinônimo de fracasso ou incompletude. Então, muitos preferem ter qualquer coisa do que coisa nenhuma.

Esse medo distorce a percepção do que é saudável e aceitável. Em vez de enxergar o relacionamento como um espaço de troca e crescimento, ele vira um abrigo emocional instável, onde se aceita tudo só para não enfrentar o silêncio do fim ou o desafio de recomeçar.

Amor-próprio como revolução

Reconhecer que você está aceitando migalhas já é um passo poderoso. É o momento em que você se olha com compaixão, mas também com responsabilidade. Não se trata de culpar-se, mas de assumir a escolha de não mais compactuar com aquilo que te diminui.

Amor-próprio não é egoísmo. É uma medida de proteção. É entender que, ao se valorizar, você filtra melhor quem entra e quem permanece na sua vida. É dizer “não” ao que machuca, ao que enfraquece, ao que te faz se questionar o tempo todo se é suficiente.

Relacionamento não é caridade

Se o outro está ali por pena, conveniência, costume ou medo de ficar só, isso não é amor. Se você precisa implorar por atenção, rebaixar-se para manter a relação ou fingir que está tudo bem quando claramente não está, isso não é um relacionamento — é uma sobrevivência emocional.

Relacionamento não é caridade. Ninguém está te fazendo um favor por estar com você. E você também não está sendo ingrato por querer mais, por desejar ser amado com verdade, presença e entrega.

Você merece o inteiro, não o resto

Chega de se contentar com o “tá bom assim”. Chega de dizer “pelo menos ele(a) não me trai”, como se fidelidade fosse o único critério. Amor não é sobre tolerar o mínimo. É sobre construir juntos, respeitar os limites, apoiar sonhos e fortalecer a caminhada.    gpgbh

Você merece alguém que te olhe nos olhos e enxergue valor. Que te escolha diariamente, não por conveniência, mas por conexão. Que esteja disposto a crescer contigo, a ouvir, a melhorar, a estar presente. Porque quando o amor é real, ele não aparece só quando é conveniente — ele se constrói todos os dias.

Não aceite menos do que você daria a alguém. E lembre-se: quem sabe o que merece não aceita qualquer coisa.

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